11 de janeiro de 2022

A vida não é uma corrida



Eu venho pensando em como tenho me cobrado ultimamente, ao ponto de não entender mais o que é a vida.

É difícil olhar ao redor e não se sentir pressionado a se reinventar quando todos estão tentando, lutando, dando a cara a tapa, conquistando seu lugar no mundo.

Por muito tempo, achei que eu deveria dar o melhor de mim todos os dias, custe o que custasse. Não foi fácil, mas fazia aquilo no automático. Afinal, o objetivo da vida não é ter sucesso?

Para alguns, sim.

Mas sabe o que venho pensando?

Eu e você , sim, você que está lendo, não precisamos ser os melhores, nem dar o melhor de nós todos os dias.

Não precisamos vencer. Não precisamos estar em constante competição para provar algo.

Você já parou pra pensar que nem tudo o que faz está sendo avaliado pelos outros? Que talvez, sejam as suas próprias lentes de autossabotagem e julgamento que te impedem de dar um passo à frente?

Eu penso muito a respeito. sou minha própria inimiga, culpando o olhar dos outros pelo meu medo. Sim, eu tenho medo. E quem não tem?

A questão não é ter temer, isso é natural. Mas sim, pensar que as conquistas do outro invalidam a sua, ou que você precisa seguir o mesmo caminho de fulano para ser feliz.

Calce as suas sandálias e trilhe seu próprio caminho. Ninguém pode fazer isso por você. Você é único, e essa é uma das coisas que te torna especial e capaz de tudo. Tudo o que você sinta a real vontade de fazer.

A vida não é uma corrida. A vida é contemplação. Contemplação de cada dádiva diária, de cada novo aprendizado, de cada caminho ainda não trilhado, de cada abraço e risada sincera. A vida é uma grande aventura e eu estou pronta para embarcar nela!




9 de janeiro de 2022

Ciranda de Pedra, de Lygia Fagundes Telles

 


“Creio, sim, na sobrevivência da alma, mas isto porque sinto os meus mortos em redor. Eles continuam embora nenhuma força consiga governá-los. Mortos e vivos, estão todos por aí completamente soltos. E a confusão é geral” (p. 134).

Lygia Fagundes Telles usa da sutileza e genialidade para escrever seu romance de estreia. Publicado em 1954, Ciranda de Pedra utiliza de diversas metáforas e linguagem poética para contar a história de um grupo  peculiar. 

“Natércio amava Laura que amava Daniel. Virgínia amava Conrado que amava Otávia. Letícia amava Afonso que amava Bruna, que amava a Deus sobre todas as coisas.” (sinopse)

A história é contada sob o ponto de vista de Virgínia, de idade não especificada mas provavelmente entre infância e adolescência. Virgínia quer pertencer. Pertencer ã uma família, a uma roda de amigos, à confidência de segredos. Ela quer fazer parte de um todo. Não é nada fácil para a menina, que saiu da mansão do pai Natércio e agora vive com a mãe e o novo homem em sua vida. Bruna, sua irmã mais velha e devota a Deus, diz que o que a mãe fez não tem perdão. Otávia, a irmã do meio, tão perfeitamente imaculada, não parece se importar muito com a mãe que agora está louca. Ainda, as duas tem uma roda de amigos , brincadeiras e conversas fantásticas para as quais Virgínia nunca é chamada.


Enquanto isso, a garota usa a sua imaginação fértil para fugir do mundo, do novo marido de sua mãe, Daniel, que ela detesta, da própria mãe que parece piorar a cada dia, da saudade de casa e da vontade de fazer parte da roda de amigos de Otávia e Bruna.


A primeira parte do livro é excelente, passa muito rápido. Queremos cuidar da menina Virginia e protege-la de todos os outros personagens e dos acontecimentos terríveis que acontecem. 


Na segunda parte, encontramos uma Virgínia já crescida, marcada pelos traumas do passado e muito amargurada, querendo ferir aqueles que a rejeitaram.


Por diversas vezes, quis entrar no livro e chacoalha-la, faze-la despertar, dizer umas poucas e boas. Em outros momentos, tudo o que queria era coloca-la no colo e dizer: “eu sei bem como é”. Me vi muito em Virginia. A garota rejeitada que precisa provar ao mundo que é digna de valor. A garota que quer apenas pertencer.


Dentro do fluxo de consciência de Virginia, nos emocionamos e descobrimos aos poucos que essa Ciranda de Pedra, esse grupo de amigos metaforizados pelos cinco anões de pedra do jardim do casarão, não é bem o que pensávamos.


É uma história bela que vale muito a pena ser lida e que permanece em nossas lembranças por muito tempo.


Ciranda de Pedra
Autora: Lygia Fagundes Telles
Ano de Publicação: 1954
Editora: Companhia das Letras
Avaliação: 4/5


6 de janeiro de 2022

agonizo

 


minha mente viaja entre o passado e o futuro a toda hora. ela vai e volta, sem parar. culpa e ansiedade andam de mãos dadas. culpa pelo que não foi perfeito. anseio pelo que ainda não há. viro escrava dos dois grandes senhores: Passado e Futuro. então, fecho os meus olhos, inspiro profundamente e curvo-me diante do Agora. entrego-me a ele e imploro que me leve para longe daqui. de repente, não toco mais o chão. estou rodopiando nos braços do tempo, na valsa deliciosa e surpreendente da vida.




A vida não é uma corrida

Eu venho pensando em como tenho me cobrado ultimamente, ao ponto de não entender mais o que é a vida. É difícil olhar ao redor e não se sent...